Em reunião da FIESC, a cerâmica Eliane, de Cocal do Sul, e a Linkplas, de Joinville, apresentaram seus cases. Contudo, ressaltaram que a migração por si só para o mercado livre não garante economia. É preciso ter uma gestão eficiente, com foco no longo prazo
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Florianópolis, 16.9.2021 - As indústrias Eliane, de Cocal do Sul, e LinkPlas, de Joinville, relataram suas experiências de compra de energia elétrica no mercado livre que geraram economia significativa, chegando a 30%. O tema foi debatido na reunião conjunta das Câmaras de Assuntos de Energia e de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Federação das Indústrias (FIESC), realizada nesta quinta-feira, dia 16. Apesar dos preços melhores e da flexibilidade que esse ambiente permite, a migração para o mercado livre não garante economia. É preciso ter planejamento e gestão eficiente, com foco no longo prazo, alertaram os representantes das empresas. O engenheiro Luís Fernando Bruno Marino, da Eliane Indústria Cerâmica, explica que o mercado livre permite que um consumidor compre a energia diretamente de uma outra empresa que gere, comercialize ou importe insumo. “O consumidor pode escolher parceiros comerciais e tipo de fontes (biomassa, PCHs, hidrelétrica), tem previsibilidade na fatura de pagamento e negocia na contratação o preço, prazos e volume. Há redução de custos porque há concorrência entre geradores e comercializadores”, disse. No entanto, ele destaca que há riscos. Por isso, a estratégia de contratação no mercado livre envolve sempre o longo prazo. Ele recomenda ser conservador porque o parque gerador brasileiro é fundamentalmente hidrelétrico e depende de chuvas. “Tem que fechar contratos de longo prazo, com volumes a serem contratados bem próximos a carga que a empresa precisa. Isso dá estabilidade e previsibilidade”, observa. Podem migrar para o mercado livre consumidores com cargas acima de 500 kW. No caso da Eliane, Luís Fernando disse que uma das unidades da empresa em Cocal do Sul, que usa energia comprada no mercado livre, registrou economia média de 27,1% nos últimos cinco anos, considerando os custos totais (distribuição, transporte e encargos). A Eliane está no mercado livre há 17 anos. É uma empresa de grande porte, está presente em 80 países e tem seis unidades fabris, das quais, cinco em Santa Catarina e uma na Bahia. O gestor da Linkplas, Luiz Gustavo Buzuti, disse que a companhia está há cinco anos no mercado livre e, nesse período, registrou uma economia média de 30%. “A decisão foi acertada”, declarou, lembrando que, no caso da companhia, o custo da energia representa de 20% a 35% do custo de produção. ”Já temos energia comprada até 2028 e isso nos dá previsibilidade de orçamento”, afirmou. A Linkplas é uma empresa de médio porte que atua no segmento plástico, tem 650 funcionários, e atende clientes nos setores de linha branca, automotivo e máquinas e equipamentos. No encontro, o presidente da Câmara de Energia, Otmar Muller, lembrou que os custos da energia crescem, especialmente nesse momento de crise hídrica, em que o consumidor do mercado regulado tem que pagar o adicional da bandeira vermelha. “Não se aplicam as bandeiras tarifárias às indústrias que atuam no mercado livre, mas o grande volume das indústrias está no mercado regulado, especialmente as pequenas e médias”, disse. Segundo ele, isentar o ICMS e PIS/Cofins da cobrança da bandeira vermelha significaria uma redução de 5,4% na conta de energia elétrica para indústrias que compram no mercado regulado. Outro tema abordado no encontro foram as perspectivas e desafios para energias renováveis. “Estamos às vésperas da COP26, que será em Glasgow, na Escócia, e o Brasil, dentro da área de energia, tem suas contribuições”, afirmou. Dados de 2020 mostram que 48,4% da oferta interna de energia no país é de origem renovável. Nos países da OCDE, esse percentual é de 12%. Magri lembra que no Acordo de Paris o Brasil se comprometeu em ser Net Zero, ou seja, em ser neutro em CO2 e na emissão de gases de efeito estufa até 2050.
Fonte: FIESC
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