Artigo Gilberto dos Passos Aguiar
Engenheiro eletricista e escritor
Nossos índios e outros povos primitivos, na sua relação com a Mãe natureza, extraíam o necessário para a sobrevivência. Enquanto isso, nós, autodenominados homens modernos, continuamos retirando do meio ambiente tudo aquilo que nos foi deixado em equilíbrio energético.
A retirada do petróleo, gás, carvão e outros componentes do subsolo, que estavam em equilíbrio há milhões de anos e, paulatinamente foram jogados para a atmosfera, constituindo afronta aos princípios físicos e dinâmicos em máxima entropia. Segue o mesmo cenário o desmatamento e as queimadas no solo que habitamos.
A redução de desmatamento, o aumento da produtividade da agropecuária (pecuária em pastagens degradadas) e a eletrificação dos transportes e da indústria têm um retorno justificável do ponto de vista financeiro. Do ponto de vista ambiental, a questão é outra. No caso da Bacia Amazônica, além de concentrar um enorme bioma, a região funciona como uma bomba d 'água, que provoca os “rios voadores” - massas de vapor de água propelidas pelos ventos que levam umidade ao Centro-Oeste, Sudeste e Sul do País e, em condições meteorológicas adequadas, se transformam em chuva. Razão pela qual a área precisa ser preservada.
O futuro da energia passa pela descarbonização (fontes renováveis), descentralização (geração distribuída) e processos de digitalização, incluindo o controle da demanda com medição inteligente. A própria Organização das Nações Unidas, em seus preceitos no tocante à energia, defende que é necessário “assegurar o acesso confiável, sustentável e a preço acessível para todos”. O tema voltará a ser tratado na Conferência das Partes da ONU em novembro, em Glasgow (Escócia), quando será exigida uma nova postura das Nações em nome da nossa sobrevivência harmoniosa no Planeta.
A evolução humana é incontestável, porém em termos energéticos e para a convivência pacífica com a natureza, estamos em um movimento de retrocesso. No ponto de inflexão em que vivemos, cabe-nos sim avaliar nosso ecossistema sob os padrões ESG (Ambiental, Social e de Governança). Ou, como nos advertia o cientista Albert Einstein: “O pensamento que criou uma situação calamitosa, não pode ser o mesmo que vai nos tirar dela.”
Gilberto dos Passos Aguiar
Engenheiro eletricista e escritor
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