Os túneis são obras muito baratas. Esta é uma conclusão frequentemente lembrada por Tarcísio Celestino, vice-presidente do Comitê Internacional de túneis. Esta é quase uma contradição, pois quando pensamos em túneis, já imaginamos cifras milionárias.
O custo de construção destas estruturas costuma ser mais elevado do que a via sobre solo. Isto se dá porque o produto entregue é muito mais complexo que uma via comum. Muitos dos itens desejáveis numa rodovia estão neste tipo de obra, como iluminação, sinalização, proteção a incêndio, tanque de coleta de líquidos tóxicos, segurança, supervisão, entre outros.
Além destes fatores apresentados, a metodologia executiva gasta muitos insumos para sua execução. O avanço do corte em pedra é feito com a metodologia NATM (New Austrian Tunnelling Method), perfurando e explodindo uma seção de escavação, normalmente cerca de 2 metros. O revestimento do túnel requer muito concreto, tirantes e medidas de contenções geotécnicas.
De um outro lado deste custo, está o resultado da obra. Um melhor traçado de via pode ser conseguido, evitando custos mensuráveis e imensuráveis.
Os custos que podemos mensurar são as comparações de traçado com vias em montanhas, costumeiramente demandando maiores cortes, aterros, supressão de vegetação e até indenizações. Também pode-se fazer uma análise da demanda de combustíveis a serem gastos num comparativo de trajetos (túnel x via montanhosa). Pode-se perceber que os veículos são mais econômicos conforme a qualidade do traçado da via. E isto irá se traduzir na redução de emissão de toneladas de gases tóxicos por ano.
Mas existem também os custos imensuráveis. Estes são os custos que atingem cada um dos usuários da via e da população local. Atualmente percebemos que nossa BR-101 está além de sua capacidade na grande Florianópolis, retirando um pouco de tempo de cada um de nós nos congestionamentos. Além do tempo, perdemos com acidentes e mortes, gerando custos em nosso sistema de saúde e buracos nas vidas de muitas famílias.
O contorno rodoviário de Florianópolis irá usar 4 túneis duplos que somados atingem um comprimento de 8 km. Esta é a segunda maior obra tuneleira que temos em nosso país, ficando atrás somente da descida da serra de Tamoios, em São Paulo (22 km).
A importância da obra e a complexidade de execução estão sendo acompanhadas pela ACE. Na última semana, o presidente da entidade Roberto de Oliveira foi ao local de emboque dos primeiros túneis a serem executados na cidade de Palhoça. “Estes são os primeiros trabalhos dos túneis do contorno. Esta é com certeza uma grande obra de engenharia que temos em nossa região. Os investimentos totais do contorno são de cerca de 3,7 bilhões de reais, com muito ainda a ser executado”.
Eng. Civil Guilherme Tavares da Silva, MSc em túneis pela UFSC e Vice-Presidente da ACE